Pedi uma coca-cola entre meninas falantes – exaustas e falantes, degradadas e falantes, impecáveis em seus saltos, mas com medo de tomar chuva nos pés. Tinha ali clandestino no bolso um solitário (reconfortante) 0,5, que saquei discretamente e joguei bem no fundo da boca. Veio o gás do refresco enlatado e a cor das coisas começou a voltar. Não a cor das nossas manhãs, não o pantone de nossas noites, mas ali havia algum tipo de luz no reflexo das pupilas e eu quase pude ouvir o mundo pulsar. Era algo escala de cinza, porém dissipou o negrume que me embaçava a vista e os joelhos pararam de fraquejar.
(a casa dorme numa sinfonia triste de notas que piscam com as luzes de natal dos vizinhos ávidos pelos refluxos do calendário: azia do tempo)
Eu me embriago dessa abstêmia.
[Your memory like disease holds on]